APRESENTAÇÃO

faixa07
trans.ver.paisagens

Lições para apre(e)nder, descobrir, dialogar e expandir os modos de agir

As lições de RQ

Aprendi com Rômulo Quiroga (um pintor boliviano):
A expressão reta não sonha.
Não use o traço acostumado.
A força de um artista vem das suas derrotas.
Só a alma atormentada pode trazer para a voz um
formato de pássaro.
Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo [...].

(Manoel de Barros)

BARROS, Manoel de. As lições de R.Q. In: Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 75.

Imagem de Prédios

As apreensões recentes face às mudanças climáticas, potencializadas pela crise sanitária e ambiental, vêm impondo transformações na paisagem, e com isso, grandes desafios para as Práticas do Paisagismo. Nesse percurso reflexivo, somos constantemente atravessados pelas lições apreendidas por sujeitos - seus saberes e vivências do cotidiano - que nos mostram formas diversas de ler e viver a paisagem, pelas Artes e por Profissionais (Precursores e Atuantes) do nosso campo.

A partir dessas inspirações que nos movem e renovam a nossa esperança, entregamo-nos ao desafio de organizar o 16º Encontro de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (ENEPEA), a ser realizado em Cuiabá, Mato Grosso, paisagem Centro-Oestina e Amazônia Legal, com a necessidade de reconhecer outras realidades no contexto brasileiro, somado ao desafio da retomada gradativa das vivências e atividades presenciais, quando ainda nos vemos processando os efeitos dos tempos recolhidos da pandemia, apartados do convívio nas ruas, praças, parques, dos espaços livres públicos, da paisagem.

Com “o[s] olho[s] vê[mos]” e admitimos limitações e avanços de nossa trajetória, e daqueles que vieram antes de nós. No entanto, vemos nossa vontade de juntos (re)conhecermos a paisagem como objeto multiescalar, de múltiplas formas e multidimensional (socioeconômico, cultural, ambiental) e tema transversal, - para ir além do campo disciplinar do Paisagismo -, em diálogo com os demais de Teoria e História, de Planejamento e Projeto e Tecnologia, e tantos outros saberes e experiências, permeando a formação do Arquiteto e Urbanista, na integração entre as práticas de ensino, pesquisa e extensão.

Com “a lembrança revê[mos]” que paisagens de Cuiabá, Mato Grosso (e do Brasil) foram silenciadas e transformadas pela técnica e tecnologia. A cada ano, a cada década, são novas configurações do urbano e rural (e híbridas). À paisagem, vem sendo incorporados “ares de modernização” e símbolos monumentais da economia, que abrigam um conjunto de ações que exigem complexas articulações urbanas, regionais e transnacionais. “[N]a expressão reta [que] não sonha [e usa] o traço acostumado”. Na paisagem transescalar da regra dominante, indiferente e homogênea, há singularidades a revelar? Nos lugares da história e da memória, também fomos transformados. Somos Pantanal, Cerrado, Amazônia, Araguaia (e vocês, quem são?), mas também o moderno que reside em nossas cidades e campos tradicionais. Somos a existência, resistência e diversidade dos povos que atravessam, vivem nos corixos, rios, vias desacostumadas que unem os campos e as florestas, terras indígenas, quilombos, comunidades tradicionais,centros antigos e periferias das cidades, em um conjunto de ações que exigem complexas articulações cotidianas, comunitárias e afetivas. Na paisagem multiescalar singular, generosa, e heterogênea, há homogeneidades a revelar?

Revemos que todos fomos atravessados por 1994: o MEC estabeleceu as diretrizes do currículo mínimo, entre elas, a obrigatoriedade do Ensino do Paisagismo; o primeiro curso de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso foi criado em Cuiabá, na UFMT e; no Rio de Janeiro, aconteceu o I ENEPEA. No encontro tomavam forma e movimento os debates, anseios e trabalho de décadas, de agentes atuantes nas mais diversas frentes da prática profissional da Arquitetura Paisagística, desde as instituições de ensino superior aos escritórios e entidades espalhados pelo Brasil.

Com “a imaginação transvê[mos] o mundo”, sempre refletindo sobre nossos (per)cursos, potencializando a nossa criatividade para superar limitações e avançar na formação e prática da Arquitetura Paisagística, suas abordagens teórico-conceituais e metodológicas. Transver o mundo (das paisagens) é criar oportunidades para apre(e)nder, descobrir, dialogar e expandir nossos modos de agir com os mais diferentes saberes, escalas, nas realidades brasileiras.

ENEPEA Cuiabá - 2022 é um convite ao desvio do ”traço acostumado”, o menor percurso entre dois pontos, é se embrenhar mato adentro, geograficamente, ao Centro(Oeste) do Brasil, da América do Sul, é um convite à partilha de experiências, vivências e imersões nos territórios, nos lugares, para TRANS.VER.PAISAGENS.

HOMENAGENS

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Lições de M.B., M.M, S.M, B.M, R.K

Nesse percurso reflexivo, somos constantemente atravessados pelas lições apreendidas de muitos sujeitos - seus saberes e vivências do cotidiano - que nos mostram formas diversas de ler e viver a paisagem, pelas Artes e por Profissionais (Precursores e Atuantes) do nosso campo. Dessas inspirações que nos movem e renovam a nossa esperança, entregamo-nos ao desafio de organizar o 16º Encontro de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (ENEPEA)

Na busca por acolher as diversas formas de ver e interagir com a paisagem, assumimos a força das lições de outros saberes que nos influenciam, como as de Manoel de Barros (M.B), poeta mato-grossense, que representa a miríade de poetas e artistas de todas as áreas que tanto nos ensinam. Valorizamos as pedrinhas do (nosso) quintal que vão compor a intimidade do cotidiano, ensinando a reconhecer a imensidão do mundo.

Muitas outras lições foram relembradas - as de Miranda Magnoli (M.M), quando (re)vemos uma trajetória pautada pelo esforço em estruturar o campo disciplinar do paisagismo, por reflexões crítico-propositivas, atenta às múltiplas realidades e escalas. Ampliou e aprofundou as discussões sobre a paisagem e o ambiente no Brasil. Nas palavras de Miranda Magnoli, a formação é um caminho para “facilitar, induzir e estimular o juízo crítico” nas muitas práticas. Dentre seus legados, conduziu a formação de profissionais de excelência .

Dentre seus alunos, uma homenagem a Silvio Macedo (S.M.), a saudade recente. Das lições de S.M., reconhecer o legado de nossos mestres, aprofundando-os e ampliando-os, experimentando métodos de análise e estratégias na formulação de políticas públicas com a Paisagem (do planejamento ao projeto). Sempre preocupado com e em descobrir as realidades locais, teve papel importante na estruturação de rede nacional de pesquisadores - Quadro da Paisagem (Quapá-Sel), possibilitando aproximar e descobrir as diferentes realidades dos territórios brasileiros (da escala do lote à região), nos estudos das transformações e formas de apropriação dos espaços livres, em diálogo com os agentes desses lugares.

Das lições de outros percursos profissionais, homenageamos o Paisagista Roberto Burle Marx (B.M), e os profissionais que, como ele, proporcionaram inúmeras experiências de estágio a estudantes de arquitetura e urbanismo. A partir de suas atuações e imersões em diversos contextos territoriais brasileiros, toda sua equipe, inclusive os estagiários (profissionais de relevância na arquitetura paisagística como Fernando Chacel, José Tabacow,…), puderam vivenciar a concepção de projetos a partir do diálogo entre paisagismo, arte, ecologia, e diversos temas intrínsecos à Paisagem, refletindo na valorização das particularidades dos biomas e cidades brasileiras.

Burle Marx, e também Rosa Kliass (R.K) - “inventaram seu próprio mercado”, que ia além de um traquejo na prática (preocupação de Miranda Magnoli). Destacamos o esforço de Rosa Kliass na busca constante pelo aprimoramento da atuação profissional na Arquitetura Paisagística, contribuindo com a criação de canais de articulação, entre eles, o ENEPEA e a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), em constante promoção da formação/profissão da/na Arquitetura Paisagística.

Embora tantos, ainda ausentes nessa homenagem, nosso reconhecimento aos Profissionais que transbordam Mirandas, Macedos, Marxs, Kliass, Chacels, Vieiras, Mayumis, Barros e tantos, compartilhando lições para apre(e)nder, descobrir, dialogar e expandir os modos de agir, a partir dos nossos quintais, nossas cidades, nossa biodiversidade, nossas paisagens que ensinam e educam!

homenagem

COMISSÃO CIENTÍFICA

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A Comissão Organizadora realizou “Consulta Aberta” entre Dezembro/2021 e Fevereiro/2022 e, das contribuições recebidas, aproveitamos para agradecer as colaborações recebidas de profissionais que registraram interesse em, ou indicaram outros nomes para integrar a Comissão Científica do 16º ENEPEA.

Convites feitos, convites aceitos, nosso muito obrigada pelo apoio!

ALDA DE AZEVEDO FERREIRA (UFRJ)
ALESSANDRO FILLA ROSANELI (UFPR)
ALEX ASSUNÇÃO LAMOUNIER (UFF)
ALICE VIANA DE ARAÚJO (UFOP)
ANA CECILIA MATTEI DE ARRUDA CAMPOS (PUC CAMPINAS; USP)
ANA CLÁUDIA DUARTE CARDOSO (UFPA)
ANA PAULA RABELLO LYRA (UVV)
ANA RITA SÁ CARNEIRO RIBEIRO (UFPE)
ANDRÉA DE FIGUEIREDO ARRUDA CANAVARROS (UFMT)
ANGELA FAVARETTO (UFFS)
ANTONIO LEANDRO CRESPO DE GODOY (IFF)
BARBARA IRENE WASINSKI PRADO (UEMA)
CAMILA GOMES SANT ANNA (UFG)
DAIANE REGINA VALENTINI (UFFS)
DAMIÃO ESDRAS ARAUJO ARRAES (UFERSA)
DANIELLY COZER ALIPRANDI (IFF)
DORIANE AZEVEDO (UFMT)
ELIANE GUARALDO (UFMS)
ENEIDA MARIA SOUZA MENDONÇA (UFES)
EUGENIO FERNANDES QUEIROGA (USP)
FÁBIO MARIZ GONÇALVES (USP)
FRANCINE MARILIZ GRAMACHO SAKATA (USP)
GLAUCO DE PAULA COCOZZA (UFU)
GUTEMBERG WEINGARTNER (UFSM)
JONATHAS MAGALHÃES PEREIRA DA SILVA (PUC CAMPINAS)
JULIANA DEMARTINI (UNEMAT)
KATIA NAKAYAMA (UFMT)
LARISSA LETÍCIA ANDARA RAMOS (UVV)
LEONARDO LOYOLLA COELHO (ESCOLA DA CIDADE; BELAS ARTES SP)
LIZA MARIA DE ANDRADE (UNB)
LUCIANA APARECIDA NETTO DE JESUS (UFES)
LUCIANA BONGIOVANNI MARTINS SCHENK (USP SÃO CARLOS)
LUCIMARA ALBIERI DE OLIVEIRA (UFT)
LUIS GUILHERME AITA PIPPI (UFSM)
MARIA CRISTINA VILLEFORT TEIXEIRA (UFMG)
MARIA ELISA FEGHALI (UFRJ)
MARIA MANOELA GIMMLER NETTO (UFMG/PUC MINAS)
NAYARA CRISTINA ROSA AMORIM (UFBA)
RAQUEL WEISS (UFSM)
RENATA FRANCESCHET GOETTEMS (UFFS)
RICARDO ROCHA (UFSM)
ROGERIO CARDEMAN (UVA; UFRJ)
RUTH MARIA DA COSTA ATAÍDE (UFRN)
SERGIO RICARDO LESSA ORTIZ (BELAS ARTES SP)
SILVIA PEREIRA DE SOUSA MENDES VITALE (BELAS ARTES SP)
STAEL DE ALVARENGA PEREIRA COSTA (UFMG)
VÂNIA RAQUEL TELES LOUREIRO (UNB)
VERA REGINA TÂNGARI (UFRJ)
VERA SANTANA LUZ (PUC CAMPINAS)
VERONICA GARCIA DONOSO (UFSM)
VLADIMIR BARTALINI (USP)

COMISSÃO ORGANIZADORA

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AFFONSO CIEKALSKI SOARES CAMPOS (UFMT)
ANDREA DE FIGUEIREDO ARRUDA CANAVARROS (UFMT)
DANIEL SILVA CAMPOS (UNIVAG)
DORIANE AZEVEDO (UFMT)
FABIO SINAI GUIMARAES SILVA (UFMT)
JULIANA DEMARTINI (UNEMAT)
KADINNE STROBEL DE SOUZA (UFMT)
LUCIANNA OLIVEIRA E SOUZA (UFMT)
OSVALDO ALEXANDRE PARIS (UFMT)
PAULA ROBERTA RAMOS LIBOS (UNIC)
RENATA BENEDETTI MELLO NAGY RAMOS (ABAP-MS)
TAYNARA BARRETO MACEDO (UFMT)

Realização:

epura
nau
ufmt

Organização:

ufmt
unemat
unic
univag

Parceiros:

quapa
quapa
observatorio
quapa
quapa
labirinto
titania
kuradomodo

Apoio Institucional:

brasil
brasil
quapa
quapa
quapa
quapa
quapa
quapa
quapa
quapa

APOIO FINANCEIRO:

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imagem apoio institucional